Desejo e Mentiras l Capitulo 6

 

Capítulo 6 - O Inevitável

Agora e história começa a esquentar e o que fará Jackie com todo esse emaranhado de situações acontecendo em sua vida?

E para acompanhar a Leitura a Playlist especial

Música 1 – Warm – SG Lewis

Música 2 – Long Time Coming – Caitlyn Smith

Música 3 - Tanto Faz - DAY

Música 4 – West Coast – Lana Del Rey


(Play na música 1)


Alex, lena e Luc ouviam a história em silêncio, algo difícil de acontecer já que eles sempre interagiam, davam risada, faziam comentários na maioria das vezes impróprios, mas o fato é que adoram quando conto minhas histórias e eu adoro a reação deles.

Desde a época que Alicia se foi da minha vida eu tinha mais tempo para eles, foi uma fase extremamente conturbada onde por conta de tudo que eu estava vivendo com ela acabei me afastando um pouco dos meus amigos, o que definitivamente foi um erro, não que eles tivessem me abandonado, muito pelo contrário, mas não tê-los por perto naqueles momentos me fez com certeza tomar decisões equivocadas e me afundar em bebida e desespero.

- E por fim eu bati a porta com força, ouvi aquele diabo gargalhando dentro do camarim, saí batendo os pés, com um misto de ódio e desejo de voltar e simplesmente agarrar aquela mulher, mas eu não baixaria a guarda, saí feito um furacão, peguei um taxi e fui para casa, arranquei a roupa e deitei, eu só precisava dormir – disse finalizando a história e dando um gole na água que estava no copo sob a mesa à minha frente.

Levantei a cabeça e eles ainda estavam lá parados olhando para mim.

- Gente, vocês estão bem? Já acabei, tá! Podem me massacrar agora – disse em tom sarcástico.

- Jackie, não consigo falar nada, sério – disse Luc com cara de assustado.

- Caralho, parece que estou vendo o mesmo filme na minha cabeça Jackie e sério, estou com medo – Alex falou com a voz um tanto embargada.

- Calma galera, está tudo bem, olha só estou inteira, sem arranhões, mordidas ou coisas do tipo – falei rindo.

Continuei olhando para os três e Alex estava comcara de assustada, Luc com um olhar baixo e Lena olhava para os dois e depoispara mim e estava com cara de que não estava entendo absolutamente nada, e euconfesso que também não estava entendendo.

- Pessoal, é sério, isso é uma brincadeira de mau gosto, que caras são essas? Parece que alguém morreu ou algo do tipo – falei com um tom de preocupação.

Luc olhou para Alex e assentiu com a cabeça parecendo pedir permissão em silêncio para dizer algo, Alex arregalou os olhos e negou com a cabeça, eu estava só observando os dois, eu sabia que eles queriam falar algo mas não estavam entrando em um consenso se deveriam ou não, até Lena que estava perdida na situação olhava para os dois e para mim sem ter ideia de como reagir naquela situação.

Até que Alex começou a falar, ela estava com um semblante entristecido, falando baixo e de forma pausada e Luc prestava atenção a cada palavra que ela dizia mexia com a cabeça como se concordasse com o que Alex estava falando, eu comecei a ouvir aquelas palavras que foram entrando em meus ouvidos e me rasgando por dentro como um punhal e então entendi porque eles estavam daquele jeito.

- Sabe Jackie, estamosum tanto preocupado com o que nos relatou agora sobre o que aconteceu na noitepassada, porra Jackie nós te amamos e não queremos ver você sofrer novamente, amaneira como nos contou, o seu tom de voz e como descreveu a situação comaquela dançarina automaticamente nos fez lembrar de Alicia, sei que não gostaquando tocamos no assunto e nem no nome dela, mas entenda, foi inevitável nãofazer uma comparação, nós te conhecemos muito bem e sentimos na sua voz o mesmosentimento que sentimos quando nos contou sobre o primeiro encontro com Aliciae juro, parece que estamos vendo o mesmo filme passar em nossas cabeças, nãoqueremos te perder e sinceramente vou falar por mim, nunca mais gostaria de tever sofrer tanto.

- Foram apenas dois anos, mas Alicia quase acabou com você e até hoje você tem cicatrizes, nunca mais conseguiu se relacionar seriamente com nenhuma outra mulher, desde aquele tempo sua vida parece um livro de uma única página, cada vez que vira a página é tudo diferente, cada noite está com uma mulher, não mantem relação próxima, de preferência nem precisa saber o nome da mulher que se deitou nua em sua cama na noite anterior, sei que aquela maluca te deixou marcas profundas e que depois por um bom tempo ela ainda aprecia de vez em quando, a sensação que eu tenho é que ela acha que você será dela para sempre, sabe, cada vez que ela aparece você larga tudo e se envolve com ela novamente, como se você ficasse ali intocada a espera dela e ela tem certeza disso e o que mais me dá raiva é que você sempre cai na mesma historinha dela. Falou Alex olhando no fundo dos meus olhos.

- Foram apenas dois anos, mas Alicia quase acabou com você e até hoje você tem cicatrizes, nunca mais conseguiu se relacionar seriamente com nenhuma outra mulher, desde aquele tempo sua vida parece um livro de uma única página, cada vez que vira a página é tudo diferente, cada noite está com uma mulher, não mantem relação próxima, de preferência nem precisa saber o nome da mulher que se deitou nua em sua cama na noite anterior, sei que aquela maluca te deixou marcas profundas e que depois por um bom tempo ela ainda aprecia de vez em quando, a sensação que eu tenho é que ela acha que você será dela para sempre, sabe, cada vez que ela aparece você larga tudo e se envolve com ela novamente, como se você ficasse ali intocada a espera dela e ela tem certeza disso e o que mais me dá raiva é que você sempre cai na mesma historinha dela. Falou Alex olhando no fundo dos meus olhos.

Uma coisa ei de concordar com Alex, a dançarina realmente mexeu com meus sentidos de uma forma forte e profunda, não como alicia, mas algo diferente, será possível que eu me apaixonaria novamente e ela me faria esquecer a maluca da Alicia?

- Alex e Luc, sei que estão preocupados e vocês tem razão, eu sofri demais e até hoje tenho cicatrizes disso tudo, ela ainda é uma sombra em minha vida, mas pela primeira vez senti pela dançarina algo diferente do que tenho com as outras mulheres, por mais que ela tenha todas as características de uma mulher que possa acabar novamente com minha sanidade tem algo nela que eu não sei explicar, é algo além de puro desejo, de obsessão, de sexo casual, não sei explicar, mas é algo intrigante, tem algo nela que desperta um sentimento em mim que ainda não consigo identificar, mas é uma atração além do sexo, do desejo. Falei de forma calma, mas mostrando a eles o quanto é diferente do que foi com Alicia.

- Mas Jackie, tome cuidado nós te amamos e não queremos te ver sofrendo novamente – disse Luc com um sorriso tão lindo que me confortou.

- Fiquem tranquilos, é diferente, eu sei disso mais do que ninguém.

- Eu sei que nos conhecemos a pouco tempo Jackie, mas Alex fala tanto de você, da amizade que tem e de como você sofreu que até eu fico com medo – disse Lena com um sorriso tímido.

- Não sei exatamente tudo que aconteceu entre você e Alicia pois Alex nunca me falou em detalhes, mas ela tem tanta raiva dessa mulher que eu também tenho por tabela.

- Gostaria de um dia saber tudo que houve – disse Lena com ar de curiosidade.

- Lena por favor, isso é coisa que se pergunte? Disse Alex esbravejando com Lena por saber que a mais simples lembrança de alicia deixava Jackie mau por vários dias.

- Deixa ela Alex, hoje eu já lido melhor com tudo que aconteceu, afinal já faz um bom tempo que a maluca não aparece em minha vida, Lena eu te contarei um dia, quem sabe marcamos um jantar em casa, nós quatro, enchemos a cara e te conto as mazelas da maluca, mas prepare-se é história para a noite toda. – disse rindo e quebrando um pouco aquele clima estranho que ficou no ar.

Quando olhei para o fundo do café, pude avistar nosso almoço chegando, Luc havia pedido para o pessoal preparar algo leve para nosso almoço e eu podia sentir o cheirinho bom chegando, realmente eu estava com fome.

- Jackie, só uma pergunta disse Alex com uma cara de safada.

- Fala Alex, o que mais quer saber? Já contei tudo, até os detalhes – falei rindo.

- Uma pergunta que não quer calar e está martelando na minha cabeça.

- Sim, diga logo mulher

- Você vai naquele lugar hoje? Vai se encontrar com a dançarina hoje? Falou dando uma enorme gargalhada.

- Alex, isso é coisa que se pergunte – disse lena dando um tapa no braço de Alex.

- Claro que é, acha que eu vou ficar nessa curiosidade?

- Alex, Alex, você não existe mesmo – disse negando com a cabeça e rindo.

- Na verdade ainda não sei – falei baixando os olhos em direção ao meu prato e dando uma garfada na comida e levando até minha boca.

- Sua Filha da Puta, você vai, tenho certeza – disse Alex gargalhando.

Eu não consegui me conter e gargalhei junto com ela, quase me engasgando com a comida.

- Alex, você é foda, me conhece tão bem que eu tenho até medo, mas esquece isso agora, vamos comer que esse peixe que o Luc mandou preparar está divino e eu morta de fome.

Continuamos ali, comendo, falando besteiras e rindo,era muito bom ter meus amigos por perto.


Point of View – Alicia


Acordei com o sol entrando pelas grandes janelas e em meio aos lençóis macios daquela cama de hotel, já eram quase oito da manhã, me espreguicei ainda deitada naquela cama enorme de lençóis brancos, a minha volta havia pelo menos uns cinco travesseiros tão macios que poderia ficar ali mais umas boas horas, mas já estava com uma ligeira fome, liguei para a recepção e pedi que levassem meu café da manhã no quarto, eu precisava de um bom banho, a viagem foi longa e cansativa, Marcus me pegou no Aeroporto as três da manhã e pedi que me trouxesse para o hotel, eu precisava de uma boa noite de sono e paz, eu já havia combinado com ele de deixar o carro no estacionamento do hotel pois hoje eu sairia pela cidade, mas não queria motorista, queria sair sozinha.

Enquanto aguardava o café da manhã tirei minha camisola de seda e caminhei em direção a enorme banheira que havia naquele hotel, eu já havia enchido enquanto pedia o café da manhã e aquela altura era somente enche-la de espuma e relaxar, mesmo quando eu morava em São Paulo sempre me hospedava neste hotel quando queria desaparecer um pouco, era meu segredo, meu canto de segurança, somente Marcus sabia daquele lugar e ele jamais ousaria revelar este segredo, ele era uma pessoas simples e de minha inteira confiança, logo depois de eu receber um dinheiro de herança e investir em alguns negócios que me davam um certo trabalho contratei Marcus, ele era mais que um simples motorista, minha vida particular era bem restrita e ele não sabia de detalhes, mas o mais importante é que ele sempre fez o que pedi e nunca, mas nunca mesmo me fez uma só pergunta, isso para mim já me bastava, não precisar dar nenhuma explicação do que estava fazendo ou onde estava indo e com quem estava, e nisso ele era muito bom e muito discreto, e especialmente por enquanto seria isso, não queria que ninguém soubesse que estava de volta à São Paulo, não pelo menos por enquanto, apesar de ter casa aqui, iria ficar por uns dias no hotel.

(Play na Música 2)

Entrei na banheira e afundei meu corpo naquela agua quente e reconfortante, a espuma cobria toda a parte de cima da água, fiquei uns bons dez minutos relaxando, não poderia me demorar muito pois logo meu café estaria no quarto, escorreguei meu corpo pela borda da banheira até estar com todo o corpo submerso, fui descendo até estar com toda a cabeça dentro da água, por ali fiquei por alguns segundo até submergir lentamente, passando as mãos no rosto, retirando qualquer resquício de espuma, estava um silêncio delicioso naquele lugar e pela janela ao lado da banheira eu via grande parte da cidade, eu sempre ficava no último andar, era minha suíte predileta, ela me dava a visão do skyline da cidade que nenhum outro lugar tinha, aqueles prédios enormes, aquela selva de pedra que é São Paulo, o sol refletia nas vidraças dos prédios e iluminava tudo ao redor, um pouco de verde surgia entre os prédios dando uma boa sensação de frescor e ali fiquei mais alguns minutos admirando toda a cidade aos meus pés e pensando em nada, somente observando cada detalhe do amanhecer.

De repente algo me tirou daquele semi transe, era o interfone, com certeza era meu café da manhã, no primeiro momento fiquei irritada, mas eu realmente estava com fome, levantei lentamente e ainda dentro da banheira estiquei meu braço e alcancei um roupão branco ao lado da banheira, vesti e logo peguei uma pequena toalha para secar rapidamente meus cabelos longos e encaracolados, eles definitivamente ficam muito pesados quando encharcados e eu ainda poderia molhar todo o chão do quarto, coloquei-o de lado por cima do ombro direito e com a cabeça inclinada apenas o exprimi com a tolha tirando o excesso de água, saí de dentro da banheira, segue os pés no tapetinho ao lado e fui de roupão e descalça mesmo atender a porta e receber meu esperado café da manhã.

Abri a porta e à frente um rapaz novo, com um carrinho coberto por uma grande toalha branca educadamente pediu licença, entrou e arrumou meu café lindamente na mesa que havia no quarto, eu o agradeci e então ele saiu, tranquei a porta e fui correndo em direção aquela mesa, havia várias delícias, uma travessa cheia de frutas picadas, havia morangos, tangerina, kiwi e manga, fui pegando pedaços destas frutas com a mão mesmo e colocando as na boca, enquanto já avistava pequenos croissants com manteiga derretendo, eles estavam quentinhos e pareciam extremamente macios, enfim, me sentei à mesa e saboreei aquele delicioso café da manhã de forma calma, tinha geleias, queijos, iogurte e cereais, era um paraíso para minha fome, afinal foram mais de quatorze horas de voo e comida de avião não é comigo.

Fiquei saboreando aquele café da manhã por bons trinta minutos, levantei da mesa e fui em direção a uma pequena poltrona à frente da janela, ainda de roupão e descalça com as pernas encolhidas me sentei e com a minha xícara de café nas mãos olhei pela janela e com o pensamento nela, onde ela estaria? O estaria fazendo naquele exato segundo? Será que ainda pensava em mim o quanto eu pensava nela? Será que estaria lá para mim como sempre esteve?

Respirei fundo, dei o último gole no meu café preto e fiquei sentada ali por mais uns poucos minutos.

Levantei-me e caminhei em direção a minha mala de roupas, como ficaria uns bons meses por aqui eu havia trazido uma boa quantidade delas, tinha negócios a resolver em São Paulo e nunca se sabe quanto tempo isso levaria. Parei em frente a mala e fiquei olhando por alguns instantes e pensando que roupa colocar, era Sábado e eu queria dar uma volta de carro pela cidade e talvez parar para almoçar em algum lugar legal, algum bistrô pequeno daqueles que eu adorava ir com Jackie, ai, droga, merda, é só eu chegar nesta cidade que essa mulher não me sai da cabeça, parece que tudo aqui me lembra ela que inferno, enfim.

Escolhi uma roupa simples, mas com certa elegância, uma calça preta justa com a barra um pouco alta, uma sandália de salto preta e uma camisa branca bem fresca e semi transparente, abusei dos acessórios e coloquei um cordão comprido com contas de madeira que comprei de um artesão na África, aquilo caia super bem sobre o decote da camisa e sobre meus seios, passei meu perfume predileto, apanhei minha bolsa e desci o elevador em direção ao estacionamento do hotel para pegar meu carro, decidi nem secar muito meus cabelos, eles estão longos e bem encaracolados e secar os deixa volumosos demais e eu queria algo mais natural hoje.

(play na música 3)

Entrei em meu carro e logo já liguei um bom som rodar pela cidade, essa música tem uma batida legal, aumentei o volume e abri a janela, quando passei pela cancela que dava acesso a rua pude ver as pessoas na porta do hotel me olhando, eu em uma SUV preta enorme, acho que escolhi um carro grande para compensar minha baixa estatura, camisa branca, cabelos soltos e cantando com a música no último volume, foi engraçado, eu apenas consegui olhar e sorrir.

O Hotel fica próximo a região da Avenida Paulista, por isso a visão da cidade toda da janela do quarto, saí em direção ao centro, ali havia uns bistrôs legais, eu poderia rodar um pouco e quando desse fome já estaria perto de algum lugar elegante e aconchegante para comer e relaxar.

Enquanto rolava a música eu ia rodando pelas ruas da cidade e cantando dentro do carro e por onde eu passava podia notar as pessoas olhando com certeza achando que eu era louca, mas eu não me incomodo com isso, posso dizer que até gosto de chamar atenção, mas minha cabeça sabia que eu rodava a cidade para talvez encontrar Jackie, eu já estava casada a mais de 8 anos mas de fato saber que nos pertencíamos era algo que me deixava segura, eu era dela e ela era minha, independente de qualquer outra coisa que ocorresse em nossas vidas, ela sempre estaria me esperando, nem sempre foi tranquilo, muito pelo contrário, nossa relação foi sempre muito conturbada e regada a mentiras, dor e desejo, mas de fato quando estávamos juntas era como uma droga potente que entrava pela corrente sanguínea e tudo ao redor desaparecia, sempre muita paixão, muito tesão, luxúria e um desejo interminável, parecia em alguns momentos que se morrêssemos ali naquele instante no ápice do prazer estaria tudo bem.

Enquanto eu rodava pelas ruas da cidade meus pensamentos iam longe, longe até demais e eu precisava tomar cuidado, ninguém sabia que eu estava em São Paulo então achei melhor subir os vidros do carro que eram totalmente escuros e de fora não se podia identificar quem estava dentro. Continuei rodando de carro até que senti uma vontade de parar um pouco, tomar um suco ou algo bem gelado, meu café da manhã foi espetacular e eu provavelmente só teria fome mais no final da tarde, mas eu não queria ficar exposta em nenhum local com a cara pra rua, então lembrei de um lugar que ia com Jackie, eu sabia que era arriscado, e que o dono do lugar é amigo dela, mas que se foda, o que realmente eu mais queria era encontrá-la mesmo ou que alguém dissesse a ela que me viu, então pensei, porque não? 

E imediatamente fiz o retorno na próxima rua e fui em direção ao "Le Café", já passava das quinze horas e seria uma boa hora para um café também. Eu estava a alguns minutos de lá, fui chegando perto, diminui a velocidade do carro vi que estava aberto, havia algumas pessoas nas mesas próximas a calçada, não era ninguém conhecido, então avistei uma vaga logo a frente embaixo de uma grande árvore e fui encostando o carro e estacionei, peguei minha bolsa, olhei no espelho, ajustei os cabelos, respirei fundo e saí do carro, mesmo com minha pouca estatura eu sempre tive um ar imponente o que fazia com que eu parecesse maior do que meus 1,68m de altura.

Fechei a porta do carro e já andando em direção ao "Le Café" acionei o alarme do carro e continuei andando, já bem próximo ao local confesso que pensei em desistir.

- Alicia, o que você está fazendo, isso pode ser um desastre – falei em voz baixa para mim mesma.

Mas eu decidi continuar, coloquei meus óculos escuros, levantei a cabeça e entrei no café, dei apenas uns quatro ou cinco passos em direção a parte dos fundo onde eu ficaria mais a vontade quando o mundo a minha volta simplesmente parou, nada mais fazia sentido naquele momento, lá estava ela em pé, de costas para a entrada ao lado de seus amigos, linda, totalmente casual de bermuda jeans, regata branca e tênis, aqueles cabelos soltos em tons avermelhados e seus braços totalmente tatuados, levantou um dos braços passando as mãos em seu cabelo e falando algo que fez seus amigos rirem no mesmo momento, eu estava gelada, paralisada, minhas mãos suavam e meu coração batia com tanta força que sentia meu peito estufar, não podia ser, por mais que no meu subconsciente eu queria encontrá-la, admito que não estou conseguindo lidar com a situação, não sei o que fazer, não consigo mexer um só musculo do meu corpo, não sei se fujo ou vou ao encontro dela, isso poderia ser uma tragédia considerando tudo que ocorreu da última vez que nos falamos, foi algo bem ruim e eu fui dura com ela, disse coisas que talvez a tenham realmente a machucado, mas que naquele momento era necessário, eu precisava fazer aquilo senão iriamos enlouquecer juntas, por mais que eu saiba que uma relação com Jackie nunca dará certo eu não consigo esquecê-la e a ver ali a apenas alguns metros de mim despertou tudo de mais profundo que sinto por ela, ela é como um imã, ela exerce uma atração sob mim que mesmo no meu mais intimo desejo eu não consigo ficar longe dela.

(Play na música 4)

Continuei ali parada sem saber o que fazer, não ia para frente e nem me virava para ir embora antes que ela me visse, mas nossa ligação é algo tão surreal que enquanto eu estava paralisada pude perceber ela virando seu rosto lentamente em minha direção, como se pudesse sentir minha presença e eu sei, ela sente, da mesma maneira que eu tinha certeza que ela estava lá ela me sentiu.

Em um instante estávamos, frente a frente separadas por alguns metros, imóveis, sem nenhuma reação espontânea, eu apenas ergui minha mão e tirei meus óculos escuros lentamente e pude sentir nossos olhos se encontrarem e se fixarem, senti um calor subindo pelo meu corpo desde a base da coluna até minha cabeça, minhas pernas tremiam que achei que poderia desabar em um segundo, a feição dela mudou assim que colocou os olhos em mim, ela estava sorrindo ao se virar em minha direção, mas assim que me avistou seu rosto era um misto de desejo e ódio, ela fixou os olhos nos meus e assim ficamos por alguns segundos, imóveis, nos encarando, eu com certeza também não estava com uma cara muito boa, me sentia ansiosa e louca de vontade de pular em seus braços, mas eu não faria isso, mas não poderia ficar do jeito que está.

Engoli seco e caminhei até próximo dela, sem tirar os olhos de seus olhos, era como se mais nada existisse a nossa volta, não havia som, pessoas, mesas, paredes, nada além de nós duas frente a frente, cheguei tão perto dela que pude sentir seu hálito e sua respiração ofegante, ainda com os olhos cravados uma na outra mais alguns segundos se passam, eu podia sentir em seu olhar o desejo, a minha vontade era de lhe dar um beijo frenético, violento e quente e sabia que ela estava com o mesmo desejo, minha boca foi se aproximando de sua boca até quase tocar seus lábios, até que ela deu um passo para trás.

- Que porra você está fazendo aqui? Jackie falou olhando para mim.

Em seu olhar agora eu não via mais o desejo e sim puro ódio, eu ia falar, mas ela colocou seu dedo na boca em sinal de silencio.

- Cala a boca, não quero te ouvir, nada, nenhuma palavra que saia de sua boca.

Pegou sua bolsa, passou por mim feito um furacão e simplesmente foi embora, eu não consegui me mexer nem para olhar para trás a única coisa que consegui pensar foi, será que tudo mudou? Por que Jackie se comportou desta maneira?

Eu também não tive condições de ficar naquele lugar depois do que acabara de acontecer, enchi meus pulmões de ar, coloquei meus óculos escuro, virei e saí do café em direção ao meu carro e simplesmente fui embora de lá.


Continua...


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