Desejo e Mentiras l Capítulo 10

 

Capítulo 10 - Segredos, Mentiras e Traição

Confusão à vista? aproveitem e lembrem da Playlist !!!

Música 1 – Loss - Haulm

Música 2 – Obsessions - Goldilox

Música 3 – Shameless – Camila Cabello

Música 4 – Expectation – Lauren Jauregui

Point of View – Katherine

Depois do acontecido da noite anterior eu precisava falar, precisava de alguém com quem eu pudesse desabafar, Jen havia saído para visitar sua família e eu não quis acompanha-la, assim que ela saiu ainda na parte da manhã decidi ligar para John, ele seria o único que poderia me ouvir sem me julgar e além disso era a única pessoa que eu confiava de olhos fechados, passei a mão no telefone e mandei uma mensagem para que ele fosse almoçar comigo em algum lugar e ele prontamente aceitou, marcamos em um pequeno restaurante da área central da cidade por volta das treze horas.

Minha cabeça estava doendo, tudo estava rodando e meus pensamentos em Jackie, meu Deus o que está acontecendo comigo? Mesmo com a presença de Jen a Jackie não saiu dos meus pensamentos e toda aquela situação com a Jen que tive que ser de circo para ela nem imaginar o que tinha acabado de acontecer dentro daquele camarim, isso me sugou todo o resto de forças que eu tinha depois das horas de sexo com Jackie.

Tomei meu banho lenta e calmamente, coloquei uma roupa bem casual e confortável, peguei meu carro e fui me encontrar com John.

Está um lindo Domingo de sol, e isso me deixa feliz, mais alguns minutos e eu já chegava ao pequeno restaurante e logo que estacionei já pude ver John na frente do restaurante me acenando, parei o carro e fui de encontro a ele e entramos para uma área mais reservada em uma área ao ar livre que ficava nos fundos, ali estaríamos confortáveis e com uma certa privacidade.

- Kath, você está bem? Mulher, o que aconteceu ontem, me conta, como você está? E Jenkins?

- Nossa John, sente-se será uma longa história – apesar do nervoso falei rindo.

Sentamo-nos e logo fomos atendidos por um garçom bem simpático, pedimos nossa refeição e eu em particular pedi uma bebida para relaxar, Gin tônica com tangerinas, meu predileto, bem gelado, com o calor que fazia iria me refrescar e me acalmar um pouco.

- Mas me conta Kath, o que foi a aparição de Jen, assim, do nada, ela não disse que viria apenas em algumas semanas? O que mudou, ela te contou?

- Ela me deu uma bela de uma enrolada, a história dela não me convenceu, disse que havia terminado as pendências em Berlin e que decidiu de última hora vir para o Brasil e queria me fazer uma surpresa.

- Kath, eu confesso que quando a vi ela estava conversando com as meninas do bar e já estava com uma bebida nas mãos, mas não consigo te precisar se ela estava lá há muito tempo ou se havia acabado de chegar, será que ela viu seu show? Porque aí teremos um problema, todos lá perceberam que você fez um show particular para a morena, será que ela viu?

- Meu Deus John, não quero nem pensar nisso, pelo menos ela não pareceu ter visto, mas conhecendo a Jen ela pode simplesmente estar mentindo para ver o que eu diria, ela é esperta demais, ela consegue ser fria em determinadas situações, e mesmo que ela tivesse visto não me falaria só para me sondar, mas ficou muito na cara mesmo que eu estava dançando para Jackie?

- Ual, a morena agora tem nome, aleluia – John disse rindo.

- Foi uma loucura o que aconteceu ontem, eu realmente fiz aquele show para ela, essa era a minha intenção desde que coloquei meus olhos naquela mulher, e eu queria estar bem perto dela por isso fiz o show no palco. Ela é maravilhosa John, o pouco tempo que ficamos juntas em meu camarim ontem foi mágico, eu nunca poderia imaginar sentir as coisas que senti com ela, era uma mistura de prazer e medo, mas ela me preenche de uma forma estranha, não sei explicar, o sexo foi absolutamente animalesco, mas mesmo assim tinha algo mais entre nós, sei lá, hoje ao acordar ela foi o meu primeiro pensamento.

- Kath, você está apaixonada por ela? Isso não é possível, você a viu apenas duas vezes, você nem sabe quem é ela, o que ela faz de onde vem, meu Deus e ainda tem a Jen nessa história toda.

- Eu realmente não sei nada dessas coisas sobre ela, não sei o que ela faz, não sei onde mora, mas sei que ela me preenche completamente, ela me enlouquece e me tira o fôlego por completo.

- Hahaha, você deveria ver sua cara agora, a poderosa dançarina Katherine Ann Jenkins com cara de apaixonada e entregue a uma ilustre desconhecida, afinal saber seu primeiro nome não faz a menor diferença, convenhamos que ela pode nem ter mesmo esse nome, né?

- Não, eu tenho certeza que esse é seu nome, pude sentir verdade nela, e relaxa na frente dela continuo sendo a poderosa dançarina, em momento algum eu mostrei qualquer fragilidade a ela. Mas está ai a sua missão, você vai descobrir quem é Jackie, vá até os cadastros feitos na entrada da boate e vasculhe a vida dela, eu quero saber tudo que for possível sobre ela.

- Haaa, além de amigo, coreógrafo e fiel escudeiro vou ser também stalker? Essa função é nova – John disse gargalhando.

- É sério, eu preciso saber tudo sobre essa mulher, ela não é desse mundo, aquele olhar penetrante, aquela voz meio rouca, seu corpo maravilhoso dentre todas as outras coisas que ela me fez sentir que nem cabe comentários aqui – disse rindo.

- Ok, vou fazer isso por você, não consigo te negar nada né? Mas me conta, como foi com a Jen, como conseguiu se livrar da morena antes dela entrar em seu camarim, eu confesso que fiquei desesperado, mas não podia dar na cara, só consegui te avisar e sair correndo dali para ela não perceber que eu havia te avisado, convenhamos que Jen tem um pé atrás comigo por eu saber muitos de seus segredos e ser seu confidente, ela não esconde sua insatisfação com isso.

- Foi um desespero só, eu achei que ia infartar, mas precisei pensar rápido, estávamos nuas e ela ainda estava dentro de mim quando você bateu na porta, mas ela também foi esperta, enquanto eu pensava o que fazer ela já havia se vestido, abri a porta um pouco para ver se o corredor estava livre e disse para ela sair e ir na direção contrária para o fundo do corredor, como é bem escuro Jen entraria no camarim e não a veria e só depois ela saísse de lá e fosse direto para casa, nada de ficar rodeando no meio do salão.

- Mas você é mesmo possessiva Kath, acabou de conhecer a mulher e já acha que ela é sua propriedade – disse rindo

- Isso é fato, eu realmente não gostaria de vê-la naquele dia e nem na minha frente se esfregando com outra mulher depois do que acabávamos de fazer dentro de meu camarim, mas eu também tive medo da reação da Jen, pois eu teria que explicar porque absolutamente todas as garrafas de cima do meu bar estavam espatifadas no chão e o camarim cheirava a sexo e álcool e isso não foi uma tarefa fácil e confesso que talvez ela não tenha acreditado muito que aquilo foi saudade dela e que eu entrei em um êxtase depois do show pensando nela e fiquei com tanto tesão que derrubei tudo ao me apoiar no bar para me masturbar, mas o que mais eu poderia dizer? Que eu acabara de ser fodida por outra mulher e que joguei as bebidas no chão em um ímpeto de tesão absoluto para me debruçar nele e me entregar de bandeja para a Jackie?

- Meu Deus, você fez mesmo isso, não quero nem pensar em mais nada – John não conseguia parar de rir em um misto de nervoso e empolgação e você acha que ela acreditou?

- Se acreditou ou não eu não sei, mas depois que falei aquilo, adivinha o que aconteceu? Ela quis transar comigo e lá fui eu, a segunda da noite, Jen é muito boa e eu adoro o sexo com ela, mas realmente eu ainda sentia a o cheiro de Jackie em mim, ainda sentia sua língua dentro de mim e posso te dizer, aquilo foi estranho, mas eu não tive escolha tive que transar loucamente com Jen.

- Kath, isso parece cena de filme, sério, me desculpa as gargalhadas, mas não consigo me controlar, fico imaginando a situação. Mas e agora como será? Você está me pedindo para investigar a vida da sua morena, mas e a Jen? Ela é esperta demais, você tem que tomar cuidado com isso.

- Eu sei que é perigoso demais, mas o que eu posso te dizer, talvez eu realmente esteja perdidamente apaixonada pela Jackie e no momento só consigo pensar nela, apesar da conhecer o gênio da Jen eu não quero deixar isso passar, eu já fui muito apaixonada pela Jen, mas ela nunca esteve comigo completamente, eu sempre a senti muito distante, com os pensamentos em outra pessoa, por vezes eu acordei no meio da madrugada com ela tendo sonhos e falando enquanto dormia e eu acabei presenciando coisas que de verdade eu nunca gostaria de ter ouvido, ela nunca me disse nada sobre ninguém de seu passado, mas creio que ela tenha vivido algo em sua vida que deixou marcas profundas nela e que apesar dela sentir algo por mim, talvez nunca fosse a mesma coisa que ela sentiu ou sente por esta tal pessoa de seus sonhos.

- Nossa Kath, isso é muito forte, você nunca me disse nada sobre isso.

- Talvez porque eu tenha vergonha em estar com uma pessoa a tantos anos que de fato nunca foi minha de verdade, mas isso é papo para outro dia. O que eu quero mesmo é que corra atrás de todas as informações possíveis sobre a Jackie.

- Ok Sra. Katherine, seu fiel escudeiro já aceitou essa missão, mas pode crer que se um dia Jen descobrir eu serei o primeiro a ser morto por ela. John disse rindo.

Ainda ficamos mais um pouco lá conversando, falando banalidades e degustando nosso almoço até eu voltar para casa.

Point of View – Jackie

Já havia se passado uma semana da noite que estive com Katherine e eu não tirava aquela mulher da minha cabeça, aquilo não foi só sexo, eu posso sentir, será que eu realmente estou apaixonada por ela? Uma paixão súbita e sem explicação, só se for, mas eu não sei nada sobre a vida dela e confesso que tenho vontade de voltar naquela boate, mas depois de ter que sair as pressas por conta de sua mulher que chegou de surpresa, estou sem coragem, quem sabe no próximo final de semana eu chame Alex, Lena e Luc e vamos até lá, sozinha de fato eu não teria coragem.

Mas vamos lá, vida que segue, eu preciso me concentrar pois a partir de hoje até a próxima semana estou lotada de trabalho, tenho sessões de fotografia agendadas no estúdio e ainda tenho uma festa de moda do lançamento de uma nova marca para cobrir amanhã e essas festas sempre me sugam até a última gota de força.

A correria é tanta que eu nem consegui conversar com Alex depois do episódio da boate, quando eu contar a ela o que aconteceu ela vai pirar, tenho certeza, oh pessoa que adora uma história perigosa e aquilo definitivamente foi perigoso, o pior é que nem sei a cara da tal mulher, se eu cruzar com ela em qualquer lugar nem saberei que é ela e isso me assusta, mas enfim, creio que eu só consiga algum contato com Katherine na boate, pois, não tenho nenhuma forma de contatar ela, nem um número de telefone, nada.

Eu estava no estúdio preparando meu equipamento para uma sessão de fotos em meia hora quando o telefone tocou, larguei meus equipamentos e corri para atender, estranho aquele telefone do estúdio pouco tocava, as pessoas sempre me ligavam no celular pois sabiam que eu não ficava o tempo todo aqui, mas enfim.

- Alô, sim sou eu, quem está falando?

- Meu nome é John e fui indicado por uma amiga que me disse que você faria fotos particulares, eu queria fazer umas fotos minhas, como funciona?

- Bem John, eu tenho uma agenda um tanto cheia já que meu foco são trabalhos para agências de publicidade e coberturas de eventos de moda, mas eventualmente eu faço sim, só dependo de ter um dia livre para isso e realmente só faço por indicação.

- Puxa, eu gostaria muito de agendar com você, minha amiga disse que você é fantástica, a melhor fotógrafa de São Paulo, como está sua agenda para esta semana?

- Puxa, obrigada, mas quem sabe ela não exagerou, bem essa semana está totalmente tomada, hoje eu tenho uma sessão aqui no estúdio e amanhã tenho um grande evento, mas deixe-me ver aqui, talvez a semana que vem eu tenha algum tempo, só um minuto. Olha consigo te atender na terça da próxima semana, mas no final da tarde, pode ser?

- Claro que pode, pode ser as dezessete horas? E como funciona preciso levar roupas diferentes?

- Pode ser esse horário mesmo, quanto a roupas depende do tipo de foto que você quer, se forem fotos de corpo inteiro sim, seria importante trazer algumas roupas, mas me passa seu e-mail que eu te mando uma lista de itens que você deve trazer para cada tipo de foto e depois se você tiver alguma dúvida me liga, pode ser?

- Claro que pode, anota meu e-mail então e eu aguardo receber o material e se eu tiver dúvidas eu te ligo.

- Ótimo, mas melhor ligar em meu celular já que nem sempre estou aqui no estúdio, você realente deu sorte hoje.

- Muito obrigada Jackie, está marcado, terça-feira as dezessete horas estarei aí.

- Imagina, eu que agradeço o contato.

Nossa, merda, eu desliguei e nem perguntei quem indicou, mas enfim como não divulgo muito o telefone daqui com certeza quem passou para ele foi alguém conhecido, depois pergunto já estou atrasada para os meninos que estão chegando, não que eu estivesse ansiosa para fazer fotos de homens de cueca, mas, são ossos do ofício, afinal eu vivo de dinheiro né?

A semana passou voando, hoje já é sexta e está quase na hora de sair para o evento, a noite será longa, fotografar toda aquelas pessoas me deixa exausta, ainda se fosse para fotografar apenas o desfile estaria ótimo, mas depois ainda tenho que fotografar o restante do evento, vai rolar um coquetel de lançamento, muita gente famosa e chata, nossa, pensei tanto em Katherine essa semana, eu chego a acreditar que realmente me apaixonei por ela, mas de fato é uma relação fadada ao fracasso, ela tem uma pessoa em sua vida e o que eu menos quero é encrenca, bem que Alex falou que eu tenho um imã para mulheres diabo e encrenca e essa definitivamente uniu as duas coisas, ou seja, é melhor mesmo eu manter distância, de confusão já chega Alicia em minha vida.

Nossa agora que lembrei dela novamente, esse lance com essa dançarina realmente havia tirado ela de meus pensamentos, mesmo com aquele encontro desastroso eu praticamente não lembrei que ela existia essa semana, mas ainda tenho medo de encontra-la novamente e não resistir a aquele olhar, aquele cheiro, meu Deus, como eu ainda me sinto tão dela?

Bem, melhor eu me arrumar não posso me atrasar de forma alguma, o credenciamento nesse locais é chato, a segurança é absurdo então preciso chegar cedo, tenho muito equipamento pra carregar e não terei ajudantes desta vez, fui contratada com exclusividade para o evento e uma das exigências é que nenhuma outra máquina fotográfica entrasse naquele local a não ser a minha.

Eu já estava me aproximando do local, o evento acontecerá em uma casa luxuosa de São Paulo, meu taxi se aproximava e u já podia notar aqueles carrões encostando na entrada, era uma festa black-tie então as pessoas estavam extremamente elegantes, os homens chegando de smoking e as mulheres em seus vestidos longos e cheio de brilho e decotes ousados, eu estava bem básica, pois a ideia não era chamar a atenção, eu deveria passar desapercebida entre todas aquelas pessoas, a única exigência é que minhas roupa fosse preta, confesso ter adorado aquilo, eu precisava estar confortável então fui no básico, calça preta um pouco justa, um sapato preto discreto com um pequeno salto, e uma camisa sem brilho com alguns botões abertos e as mangas dobradas no meio do braço e uma boa maquiagem foram o suficiente.

Logo consegui me credenciar e entrar com duas malas enormes de equipamentos, já que cada equipamento e cada lente será usada para a foto perfeita, tanto do desfile quanto dos convidados e celebridades, um dos seguranças me acompanhou até uma sala onde ficariam minhas coisas, lá eles já haviam deixado para mim, algumas garrafas de água e algumas coisas para comer, havia apenas uma pequena escrivaninha e um sofá pequeno, mas já era suficiente para mim, afinal só estaria ali para trocar equipamentos eu com certeza passaria a noite toda em pé.

Ouvi baterem na porta, deixei meus equipamentos e fui abrir a porta.

- Jackie, minha querida, que saudades de você, vim trazer uma pessoa especial para conhecer a melhor fotógrafa de moda de São Paulo.

Era Carla, uma das mais conceituadas organizadoras deste tipo de evento na cidade e ela estava acompanhada de ninguém menos que Marc Stein, um dos maiores estilistas do país com fama internacional que a há poucas semanas havia sido premiado em um grande desfile em Berlim, ele seria a estrela da noite e suas belíssimas modelos desfilariam sua nova coleção intitulada provocação, eu até podia imaginar o que vinha por ai, ele sempre muito falado na mídia por suas coleções ousadas e seus desfiles polêmicos, suas produções para o lançamento de cada coleção era sempre como um espetáculo artístico.

- Olá Srta. Jackie, muito prazer em conhecê-la, já ouvi falar muito de seu trabalho e quando Carla me disse que seria nossa fotógrafa essa noite fiquei muito feliz – disse Marc com um ar entusiasmado.

- Que isso, Carla é exagerada, mas será uma honra fotografar sua nova coleção, aprecio muito seu trabalho e sei que será um desfile fantástico.

Marc me falou um pouco sobre o conceito do desfile desta noite para que eu tivesse em mente os melhores ângulos para fotografar, mas manteve um certo segredo sobre detalhes, afinal isso acabaria com a magia da noite.

(Play na música 1)

Logo pude ouvir um som rolando e entendi que aquilo era um sinal para que eu me dirigisse para a área do desfile que aconteceria bem à frente de uma enorme escadaria no salão principal e o coquetel seria na área externa totalmente gramada onde já haviam muitas mesas e uma equipe gigante para servir todas aquelas pessoas, pequei meu material, vesti meu colete onde coloco minhas lentes e baterias extras e uma câmera na mão e outra no pescoço e me dirigi ao salão principal, Carla me encontrou no caminho e pediu para que eu me posicionasse na entrada para fotografar as pessoas que estavam chegando ao evento, desciam de seus carros e com direito a tapete vermelho se dirigiam diretamente para o grande salão onde haviam cadeiras perfeitamente dispostas e reservadas para cada um dos convidados e em cada cadeira havia uma máscara do tipo dessas do carnaval de Veneza, todas trabalhadas, algumas em renda e outras com muito brilho, mas todas elegantes, aquilo era no mínimo curioso, mas de uma coisa eu sabia aquele evento se transformaria em um enorme baile de máscaras.

Me posicionei bem no final do tapete vermelho antes da entrada para o grande salão e dali eu via carros e carros chegando e as pessoas entrando e parando sempre à minha frente para serem fotografadas, todas estavam elegantemente vestidas, uma hostess encaminhava cada pessoa para sua devida cadeira e os orientava a colocarem suas máscaras, tanto homens como mulheres.

Eu estava um tanto curiosa, eu queria ver todas aquelas pessoas com máscaras e definitivamente eu queria ver o desfile, o que será que Marc preparou para essa noite? Bem, com uma coleção com nome de provocação, eu posso até imaginar que lá vem polêmica novamente.

A imprensa estava presente, mas foram proibidos de fotografar ou filmar, minhas fotos seriam as fotos oficiais do evento e eu fiquei bem feliz, afinal isso me renderia um bom dinheiro.

Logo o movimento de pessoas chegando foi diminuindo e o salão já estava praticamente lotado, apenas algumas cadeiras ainda estavam desocupadas, com certeza dos atrasados, Carla me chamou e pediu que como praticamente todos já haviam chegado que eu me posicionasse bem à frente da enorme escadaria do salão principal, já que o desfile seria feito à partir do andar superior e as modelos desceriam as escadas, e já estava prestes a começar, prontamente à atendi e me dirigi para o local, passando pelo corredor que se formou das cadeiras e todas aquelas pessoas com suas máscaras, de fato estava muito interessante, aproveitei para fazer diversas fotos, aquilo ficaria muito bom.

Era extremamente interessante observar todas essas pessoas com máscaras, elas pareciam se sentir irreconhecíveis e com isso elas ficam mais soltas, talvez agindo de forma menos contida já que acreditavam não poderem ser reconhecida pelas demais pessoas, como o ser humano é intrigante, como ele se preserva em amarras no dia a dia, mas numa situação dessas eles se libertam de preconceitos e tabus e é possível notar suas verdadeiras naturezas, eu estava me divertindo com aquilo tudo e ainda imaginando quando começassem a servir bebidas para essas pessoas, ai sim, eu iria com certeza fazer belas fotos, pensei rindo, quando todas as luzes se apagaram e a música alta começou ao fundo.

(play na música 2)

Me posicionei em frente a escadaria, pois as modelos desceriam por ali, algumas luzes se acenderam no chão iluminando todos os degraus da escadaria e logo um feixe de luz se posicionou em direção ao teto e lá estavam elas, aquilo me parecia familiar e assustador ao mesmo tempo, a performance descendo do teto me lembrava a primeira noite que fui aquela boate, mas isso deve ser só coincidência, melhor eu me concentrar e fotografar isso tudo, eram cinco argolas com modelos em vestidos longos extremamente sexy e ousados, elas estavam apenas sentadas nas argolas e de pernas cruzadas, de fato não haviam acrobacias ou coisas do tipo, ar argolas desciam lentamente com um jogo de luzes sobre elas e aquela música com uma batida forte acompanhando a descida até que tocaram os pés na parte mais alta da escadaria, todos estavam totalmente paralisados vendo aquela cena no mínimo inusitada, todas as modelos também estavam com máscaras, seus vestidos eram ousados, cores vibrantes, decotes absurdos e enormes saltos que eu juro que não sei como elas conseguem se manter em pé naquilo, uma a uma começaram a descer as escadas desfilando seu modelos quase obscenos, já na parte de baixo da escada havia uma passarela demarcada apenas com um enorme tapete vermelho e elas seguiam por ali passando à frente das pessoas que estavam de alguma forma se identificando com elas já que todos estavam de máscaras, isso foi uma sacada incrível de Marc, o desfile continuou até a última das cinco modelos encarar a passarela, todas retornaram e agora estavam na frente da escadaria, aquele som mágico ainda rolando quando todas soltaram seus vestidos ao chão e ficaram apenas em suas lingeries, e retornaram a passarela juntamente com o Marc neste exato momento as pessoas enlouqueceram, podia se ouvir assovios, palmas e gritos, de fato aquilo não era um desfile comum.

(Play na música 3)

Enquanto as modelos desfilavam seus corpos esculturais em suas pequenas lingeries eu podia ver o sorriso no rosto de Marc, ele parecia feliz e satisfeito no meio daquelas mulheres com o resultado que toda aquela encenação causou no público presente que neste momento estava em pé ovacionando Marc, eu apenas andava de costas bem à frente deles e as fotos estavam ficando maravilhosas, eles retornaram pela passarela, subiram os degraus, as modelos saíram de cena e Marc ficou, pegou um microfone e ainda aguardava as pessoas pausarem as palmas para falarem, ele sorria muito e curvava seu corpo em sinal de agradecimento, até que as palmas foram cessando, ele fez sinal para baixar um pouco o volume da música pois queria falar.

- Uall, quanta gente aqui né? Disse rindo

- Boa noite a todos aqui presentes, gostaria de agradecer imensamente a presença de todos e dizer que ainda não acabou, ainda tenho mais uma surpresa para vocês, mas verão assim que saírem por aquela porta e chegarem ao gramado do lado de fora – disse apontando para grandes portas de vidro do lado oposto da escadaria, que estavam ainda fechadas por enormes cortinas.

- Mas antes disso eu quero chamar aqui duas pessoas especiais e que tornaram essa noite maravilhosa e inusitada.

Neste momento eu fui subindo alguns degraus da escadaria para ficar mais perto de Marc e ter um melhor ângulo para as fotos.

- Minha amiga e melhor organizadora de desfiles de São Paulo, Carla Marques.

Carla então foi em direção ao Marc o abraçando, sorrindo e acenando para as pessoas que a aplaudiram muito, realmente os eventos de Carla eram memoráveis e muitas pessoas ali já haviam ido em desfiles organizados por ela.

Notei Marc falando algo em seu ouvido e ela fez um sinal positivo com a cabeça e sorriu para ele.

- Agora a outra pessoa que quero chamar aqui é uma empresária internacional e responsável por toda a performance artística deste desfile, ficamos alguns meses conversando e montando este espetáculo para vocês, ela é responsável também pela surpresa que os espera do lado de fora, agora chega de mistérios, vinda diretamente de Berlin, com vocês a incrível Alicia Ferrara.

Puta que pariu, é ela, não pode ser, com tantas pessoas no mundo por que ela? Meu coração disparou no exato momento que ouvi seu nome sair da boca de Marc, de repente um silêncio descomunal em minha cabeça, eu pude ouvir as batidas de meu coração e pude ver ela indo em direção ao Marc e Carla lentamente, parecia que o tempo estava correndo devagar, em câmera lenta, assim que ela chegou ao lado de Marc ela estava sorrindo e o aplaudindo, o abraçou e logo virou para que fossem fotografados, assim que se virou, colocou os olhos em mim, sua feição simplesmente mudou, neste momento eu tive certeza que ela também não sabia que eu estaria ali ela estava em choque, mas rapidamente se recompôs e soltou aquele sorriso malicioso com o canto da boca, me mostrando que já havia me reconhecido, eu ainda estava paralisada até que percebi que eles estavam lá parados somente esperando que eu fizesse as fotos, tive que recompor para fazer as fotos, mas eu tremia tanto que estava com medo do resultado destas fotos e não poderia correr o risco de que não ficassem boas então respirei fundo e tirei mais fotos do que normalmente tiraria, pelo menos assim eu salvaria pelo menos uma ou duas fotos daquele momento.

- Senhores e Senhoras, agora os convido ao nosso grande evento que acontecerá nos jardins e preparem-se, Alicia preparou este ambiente especialmente para esta noite, lembro que todos devem permanecer com suas máscaras e bem vindos ao grande baile de máscaras, divirtam-se – Disse Marc extremamente entusiasmado.

Eu ignorei a presença de Alicia e me dirigi a parte externa onde todos os convidados haviam se direcionado, afinal eu estava lá para trabalhar e não para me divertir, o fato da exclusividade em ser a fotografa oficial eu estava sozinha portanto eu não podia parar um segundo sequer, eu só estava rezando para alicia não chegar perto de mim, isso definitivamente acabaria com a minha noite e eu precisava trabalhar, a noite ainda seria longa.

Chegando ao grande jardim, haviam mesas bem dispostas e toda a decoração era feita com velas e flores, haviam também pequenos vidros com velas dentro pendurados em todas as árvores ao redor, realmente estava espetacular, havia um pequeno palco com alguns músicos se preparando para um pocket show, mas uma Dj também estava presente e com uma playlist absolutamente sexy e envolvente, tudo aquilo criava um clima intimista, a pouca iluminação deixava todas as pessoas um pouco mais soltas e as máscaras faziam com que não se pudesse reconhecer muito bem quem era quem.

Permeei aquele ambiente andando por entre as pessoas fazendo minhas fotos de forma mais sutil e espontânea, o clima daquele evento pedia isso, não era um evento para fotografar as pessoas em pose de foto e sim fotografá-las de forma natural, observando e assimilando suas sensações e sentimentos, e suas expressões corporais, para isso eu tinha que passar desapercebida entre elas.

Depois de aproximadamente uma hora que eu estava fotografando, resolvi descansar uns dez minutos, me afastei um pouco do burburinho da festa e fui em direção a uma pequena fonte de pedras que havia no jardim, ali eu poderia sentar um pouco e beber algo, o garçom passou por mim e em sua bandeja copos com whisky, eu realmente não costumo beber nestes eventos, mas depois de ver Alicia eu definitivamente precisava beber algo forte, passei a mão em um dos copos e me dirigi em a fonte, apoiei meus equipamentos e sentei um pouco, arqueei meu corpo para frente apoiando meus cotovelos nas pernas, ascendi um cigarro e dei uma longa tragada, eu precisava de nicotina para me acalmar, eu bebia meu whisky e fumava meu cigarro e apreciava as pessoas de longe, estava aproveitando um pouco a música que tocava ao fundo para me recompor.

(play na música 4)

- Eu estava com saudades – ouvi esta frase em meus ouvidos, uma voz rouca e familiar, era Alicia.

Ela veio por trás, não pude notar sua chegada, aquelas palavras entraram em meus ouvidos e meu corpo se arrepiou de ponta a ponta, senti novamente meu coração bater forte no peito, mas mantive a postura, eu não queria que ela percebesse nenhuma reação do meu corpo, como se isso fosse possível, mas eu tentaria, continuei na mesma posição dando um gole em minha bebida e observando as pessoas ao longe, pude notar ela saindo de trás de mim e vindo para sentar-se ao meu lado, assim que a senti ao meu lado, meu corpo já estava em colapso, minhas mãos estavam trêmulas e suadas, mas eu mantinha o semblante sério e não virei a cabeça em sua direção, continuei olhando fixamente para frente.

Eu podia sentir seu cheiro e o calor de seu corpo, ela estava praticamente colada em mim e aquilo me causava reações inesperadas, eu ainda não sei como consegui sair do café daquele jeito uns dias atrás e deixá-la plantada lá.

- Que feliz coincidência te encontrar por aqui, Jackie – disse Alicia com sua voz sexy e provocante bem aos pés dos meus ouvidos, aquilo definitivamente estava me matando, minha vontade era não falar nada e apenas beija-la até meus lábios não aguentarem mais, mas eu sabia que eu não podia cair em seus braços novamente.

Permaneci imóvel enquanto ela falou, mas eu tinha certeza que aquilo não duraria, alguma reação eu teria que ter e ela agia como se não tivesse tomado um fora a alguns dias, essa mulher é extremamente auto confiante e isso me dava raiva.

- Não adianta fingir que não estou aqui, eu sinto seu corpo vibrar, sinto sua respiração forte, eu sei que tem vontades tanto quanto eu – disse Alicia com um tom excitante e confiante.

Filha da puta, ela iria falar em meus ouvidos até me tirar do sério, ela sabia o quanto eu sou louca por essa forma confiante e as vezes até arrogante dela, ela iria jogar com todas as suas cartas até que eu não resistisse mais.

Estou tentando me controlar com todas as minhas forças, mas já sinto meu corpo entrando em colapso, sua presença, seu cheiro e sua voz em meus ouvidos estavam me deixando completamente louca e ela sabe disso, assim como eu também sinto seu corpo vibrando e quente, de fato eu não queria falar com ela, depois do episódio no café quando consegui repelir esta vontade louca de me jogar em seus braços eu não poderia fraquejar logo agora e além disso eu realmente estava me envolvendo com a Katherine e não iria estragar tudo antes de começar algo com ela, para minha sanidade isso seria o melhor a se fazer.

- Olha para mim, por favor, eu preciso olhar em seus olhos – disse Alicia.

Filha da puta, ela sabia que se nossos olhos se cruzassem seria muito difícil eu me manter distante, o fato é que quando nos olhamos isso gera uma energia e uma conexão tão forte que não conseguimos escapar, e estava usando isso a seu favor, de fato aquelas palavras e a sua presença ao meu lado era insuportável e eu me virei em sua direção, mantive o semblante sério, tentando me defender do seu poder de sedução e dessa ligação surreal que temos desde o primeiro dia que nos vimos.

- Alicia, o que você quer de mim? – perguntei olhando diretamente em seus olhos e tentando me manter sã.

- Eu quero você, Jackie, não consigo te esquecer, por mais que eu tente não consigo ficar longe de você – disse quase suplicando e com um olhar profundo.

Respirei fundo foquei meus olhos bem dentro dos olhos dela.

- Eu vou ser sincera, sinto que me trata como um objeto, desde nossa primeira noite eu achei realmente que nosso amor seria imbatível, que éramos de fato uma a metade da outra, mas alguns dias depois dessa noite você mudou completamente e depois disso foi só dor e ausência.

- Mas, você...

- Calma, por favor, me deixa falar, depois você fala, você passou a me tratar como uma segunda opção, se afastou por meses, tempo esse que não tive nenhuma informação sua, simplesmente eu não sabia onde você estava e o que estava fazendo, por vezes você me procurava, quase sempre quando estava se sentindo sozinha ou acabara de sair de algum relacionamento, sempre me manteve como algo na sua prateleira e que pudesse pegar sempre que precisava, e eu errei muito também, sempre me mostrando disponível e me entregando a você todas as vezes que aparecia em minha vida, mas eu cansei Alicia, cansei de seus jogos, cansei de ser uma opção segura, cansada de ser alguém que sempre está aqui te esperando.

Enquanto eu dizia essas palavras pude notar que ela se sentia incomodada com o que ouvia e pude ver algumas lágrimas correndo de seus olhos.

- Veja o que ocorre nesse momento, da última vez que falamos você simplesmente havia sumido do Brasil e fez questão de me dizer que estava casada e bem casada e que não estaria mais disponível para mim, mas de fato eu que sempre estive disponível para você, ou seja, você está casada e está me procurando novamente, por favor, o que você está fazendo conosco? – disse a ela com toda a verdade que havia dentro de mim, buscando toda a sinceridade e queria o mesmo dela.

- Jackie, o que eu sinto por você eu nunca sentirei por ninguém, eu posso rodar o mundo e ninguém será como você, eu sei que você tem razão em absolutamente tudo que disse, sempre que eu me sentia "disponível" eu te procurava pois eu queria saber se você estaria ali da mesma forma de antes, hoje entendo que isso foi cruel e não há nenhuma justificativa que eu dê que vá minimizar o sofrimento que te causei, mas vou te dizer algo que nunca disse à você e que possa soar como desculpa, mas de fato não é. Eu tive muito medo, desde o primeiro dia que te conheci, pois o sentimento que se formou desde aquele dia foi algo surreal e eu por medo de sofrer fui me afastando de você, todas as atitudes que tomei foi meramente para me proteger, nunca tive um motivo objetivo para sentir esse medo, mas eu via em você uma pessoa com personalidade, forte e decidida e me entregar a você me dava um medo imensurável, o medo de te perder era tanto que fui afastando você de mim aos poucos, eu fui fazendo você me odiar e com isso eu acreditava que estava te fazendo mais bem do que mal, eu acompanhei toda a sua vida e mesmo de longe eu sempre tive informações suas e sempre vi que sempre estava envolvida com outras pessoas, que seu trabalho estava bem, que havia se tornado uma das maiores fotógrafas de São Paulo, eu nunca senti que estava te magoando desta maneira, o fato é que independente de tudo que eu passei, das pessoas que se envolveram em minha vida, eu nunca, mas nunca mesmo, nem sequer um dia da minha vida deixei em pensar em você e nos últimos meses isso aumentou, acredito que muitas das pessoas que estiveram comigo percebiam isso de alguma forma, eu nunca fui completa para elas, nem mesmo para a minha esposa atual e isso também é muito triste.

Depois desse desabafo de Alicia, eu realmente estava sem reação e por mais que eu quisesse acreditar em cada palavra que saiu de sua boca eu não conseguiria neste momento, mesmo sentindo sinceridade eu também estava com medo e não queria baixar a guarda novamente, eu segurei em seu rosto e nós ainda nos olhávamos intensamente e comecei a beijá-la, nosso beijo é absurdamente mágico e voraz, sempre como se fosse o último beijo, nossas línguas se entrelaçavam, minhas mãos apertavam seu corpo contra o meu e a excitação era inevitável, ambas estávamos sedentas uma pela outra, eu podia ouvir pequenos gemidos saírem de sua boca e suas mãos firmes na minha cintura, aquilo estava me cheirando uma longa noite de sexo, até que fomos surpreendidas por Carla.

- Ops, desculpas meninas por ter interrompido isso – disse Carla totalmente sem graça de ver um beijo tão intenso.

- Imagina Carla, tudo bem, eu que peço desculpas, eu me sentei aqui por dez minutos para descansar e tudo isso aconteceu. – disse um tanto sem graça, afinal eu estava em horário de trabalho.

- Para com isso Jackie, eu só precisaria de você e de Alicia um pouco pois o Marc quer tirar algumas fotos com todos.

- Caro, sem problemas, me dê apenas cinco minutos e estarei lá.

Carla saiu com um grande sorriso no rosto, eu olhei para Alicia e começamos a rir no mesmo instante, mas só da situação de sermos pegas em flagrante, já fui levantando e pegando meus equipamentos e senti Alicia segurar em meu braço.

- E agora Jackie, como ficamos? Disse ela com medo da resposta.

- Não ficamos Alicia, para mim nada mudou do dia do café, não quero você perto de mim, não quero mais esta situação em minha vida. – disse isso me desvencilhando de suas mãos.

Aquilo estava me matando por dentro, mas eu tinha que manter ela longede mim, apenas me virei e fui em direção à festa para fazer a fotos que Marcqueria, fui andando e Alicia seguiu logo atrás de mim, mantive minha posturacomo se aquele beijo simplesmente não tivesse acontecido.

Continua...